Resolvi começar a escrever-te diariamente, como se de um diário do teu esquecimento se trata-se, não consigo aguentar mais este vazio que me faz sentir como o vento, sem cor, sem cheiro, sem tacto, sem sentimento, levas-te contigo um pedaço de mim e destruíste-o com a tua ausência, fizes-te do mais lindo sentimento a mais fria pessoa. Graças a ti hoje não sei o rumo a tomar, não sei o caminho certo, quando habitava em ti sempre sabia com quem contar, com quem podia partilhar todo o meu amor e todas as minhas angústias... hoje sentada neste banco com o mar nos olhos penso que se fosse agora faria tudo diferente, o sentimento que causas em mim é uma mescla de amor-ódio de sofrimento e amor, de renuncia e vontade, de desejo e solidão, talvez se não tivesse perdoado tantas vezes, se não tivesse aceite as coisas da maneira que querias que elas fossem, naquele dia de chuva em que as nuvens me disseram que o caminho certo já não era ao teu lado, eu não as teria ouvido, não teria ouvido o que a minha cabeça disse, e se fosse hoje eu não te tinha aceite de volta na minha vida não teria acreditado nas tuas lágrimas sem sentido naquelas tuas palavras que sempre me pareceram de amor puro, mas contigo e graças a tudo que me fizes-te passar, sei que no futuro serei uma pessoa melhor, serei alguém que tu transformas-te da pior maneira possível, alguém que tu um dia amas-te embora sem o devido valor.  Mas hoje é tarde de mais para seja o que for, todas as minhas palavras são em vão neste momento, todo o meu amor, tudo que te dei hoje não serve de nada, e nada é aquilo que a minha alma tem, e tudo é aquilo que o meu coração sente.

Gostava de ser como tu cada coisa em sua gaveta, a vida arquivada e sempre a andar para a frente. Não sou. E tu já não amas o que sou. Em mim nada se te igualará. Tu roubaste-me para sempre. Vou tentar esquecer-te, sabendo ser impossível. 

Sempre tua,

Rafaela